Nos últimos meses, tenho notado a presença de
uma frase curiosa que vive pipocando nas telas dos assíduos em redes sociais. Todos
os dias, quando são noticiadas as catástrofes tradicionais, sejam elas ligadas
a corrupção, criminalidade, injustiças, desigualdade e afins, sempre tem alguém
que lança a seguinte frase “esse é o país
que vai sediar a copa?”. Pois é, a pergunta muitas vezes fica sem resposta e
no outro dia aparece mais um cidadão pra repetir a proeza.
Eu não quero discutir já discutindo qual país deveríamos
ser/ter para sediar algum evento dessa magnitude. Conhecido como país do
futebol, acho válido que tenha essa oportunidade de receber as seleções do
mundo para que eu possa ver a Squadra Azzurra de pertinho.
Me peguei na seguinte questão: copa do mundo até
vai, mas Olimpíadas é querer demais, né? Foi nessa hora que me lembrei de um
texto que escrevi há algum tempo e que reflete minha opinião sobre o assunto “Olimpíadas”.
Poucas pessoas leram esse texto quando ele foi escrito, logo acho que justifica
a publicação. Vamos a ele?
Assoreando Rio 2016
Não foi apenas a beleza que salta
aos olhos do Rio de Janeiro ou o longo discurso emocionado de Lula que garantiu
ao Brasil a nomeação de país sede das Olimpíadas 2016. Pessimismo ou não,
apenas visual não é o bastante para convencer o que a falta de investimentos
adequados, um governo com muitas pretensões e a exclusão de questões sociais
podem fazer com nossa realidade turva, que, diga-se de passagem, assola nossa
nação intumescida.
Como bem se sabe belas introduções
nem sempre rendem boas histórias e em conseqüência belas propagandas nem sempre
remeter a bons produtos. Do que adiantaria maquiar o país para agradar a um
grupo de jurados do Comitê Internacional e nada realizar para impressionar sua
própria população?
Envaidecidos, governantes das três
esferas do poder rasgam seu belo domínio da língua inglesa, para defender a
‘cidade-maravilhosa’, quando por diversas vezes nem uma frase proferem para
explicações sobre denúncias, fraudes e escândalos descabidos. Ou quando se
manifestam, o fazem com desvalia, sem nexo algum.
Dar um passo maior que nossas
possibilidades não é um ato muito inteligente. O então presidente Luis Inácio
Lula da Silva, não mediu esforços para este feito. Será que como o Presidente Vargas
, ele vai voltar depois em um novo mandato para levar os créditos do
planejamento? Como bom patriota ele só quer evidenciar o nome de sua terra mas
por enquanto, uma copa do mundo em 2014 já estaria de bom tamanho.
Culparam Barack Obama
por não estar entusiasmado com a candidatura de Chicago. Pobre presidente
americano, que preocupado com a restauração da imagem de um país degradado em
setores fundamentais, mal pode dedicar-se a uma programação fora de seu plano
de governo.
Tudo bem, o
Brasil será a sede. Nada se pode fazer e nem por isso a torcida será menor seja pelo sucesso do governo em planejar sabiamente essa mega-estrutura ou
pelo bom desempenho dos atletas. O mais absurdo nesse aspecto é lembrar
da praia de Copacabana cheia de gente com o rosto pintado, aguardando o anúncio
oficial (que de fato presenteou o Brasil com a nomeação) e saber que nenhum
daqueles ‘nobres cidadãos’ são capazes de sair as ruas, com o mesmo entusiasmo
para reivindicar melhores condições de vida.
Brasileiros: os primeiros a falar
mal pelos cantos perante as corrupções do mundo e ainda conseguem ser os
primeiros a tapar os olhos quando ganham algum tipo de festa. Tudo por um holofote
seria a frase adequada para ser inserida à nossa bandeira.
“Brasileiros
e brasileiras”, vamos lutar pela sede das Olimpíadas ser um verdadeiro sucesso
no Rio de Janeiro. Vamos comemorar antecipadamente estes gastos futuros. Vamos
manter essa brasilidade que consiste sempre em duas coisas:
gritar nas horas impróprias e lutar insistentemente pelas bandeiras erradas.
@gi_cabral é aspirante a ativista, a ovelha negra e não gosta nadinha da logomarca dos Jogos Olímpicos do Brasil (foto acima).
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