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sexta-feira, 12 de abril de 2013

O papo de boteco morreu só para quem não o frequenta. Essa é a verdade que eu defendo, já que vivo por ai, confirmando essa teoria.
Mesmo morando numa região onde é evidente a escassez dessa obra prima , é notório que quando piso na calçada do bar que fielmente me aguarda, a magia dos antigos começa a popular minha retina.
O bar é um lugar de movimento. Primeiro entro, depois vou até o balcão, em terceiro dou um giro de 360º com os olhos pra confirmar se esta tudo “ok” com o ambiente. Nesse giro sempre encontro alguém que levanta a mão e me chama na mesa de canto, aquela tradicional. Cara conhecida, chopp recém-chegado à mesa, me levanto e vou jogar conversa  fora dentro da roda, pra fazer com que ela gire a noite inteira.
E o check-in irresistível que eu faço não é pra trocar o bar pelo smartphone, é pra instigar quem não está no bar a vir prestigiá-lo. Não precisa ser hoje, nem amanhã, nem comigo, mas todos têm que ir um dia. E aquela foto da cerveja que eu publico é pra dar sede em quem não está presente. Hábito.


                                                                Qual é a boa?

E a conversa começa com um conjunto de elementos.
As palavras não param. Seja pra falar sobre o jogo de cintura que faz o garçom se esquivar - de tudo e de todos - segurando a bandeja lotada de pequenos prazeres, seja a conversa que a gente começa com um desconhecido (a) só pra encaixar mais uma cadeira na mesa já lotada. E há sempre o debate infame sobre o trabalho ruim e desgastante, que a gente aguenta porque é justamente ele que nos proporciona os melhores happy hours.
A conversa é o próprio bar.
É a própria mesa, é a própria decoração com giz e lousa no lugar do cardápio. É a própria TV que aguarda o futebol. Quem é que frequenta bar pra assistir ao Jornal Nacional? Ou ao filme novo do Vin Diesel? Ele ainda faz filmes? Acho que não.
É nesse bar que surge novamente o amigo garçom, que volta na mesa com as mãos vazias só pra falar que os filhos estão crescendo, que o time vai sair da 2º divisão e sobre o salário baixo que os 10% ajudam a complementar. Gorjeta essa, aliás, que pelo atendimento da noite ele merece até demais.
A conversa é o garçom que faz.
E a noite entra com aquele sonzinho que em virtude do tempo virou trilha sonora ‘praquela’ história que eu contei da minha última viagem, também sobre a cerveja artesanal que eu provei ou ainda da ideia fenomenal de abrir um empreendimento revolucionário. E esse é o mesmo ambiente onde eu  ouço falar de política interna e externa, da Era medieval e do seriado que não vou ver, mas debaterei os episódios como se fosse um fanático.
Mais um chopp, uma cruzada de pernas lentamente acompanhadas, uma apertada de mão no dono do bar e um tapinha nas costas do amigo que saiu tarde do trabalho e chegou atrasado. “Mais um chopp aqui garçom, por favor, me quebra essa?”
A conversa é a própria amizade.
Quem é que consegue escolher um só assunto pra embalar esse encontro no bar que pede tanto da nossa atenção?
Noite alta. É hora de voltar pra onde eu realmente resido, mas tudo é tão bom que eu vivo mesclando e me perco de endereço. E isso já me aconteceu várias vezes.
Duas coisas que eu gosto além de uma boa conversa: o bar e o lar. Mas eu dou preferência pro bar porque a letra B vem primeiro no alfabeto.

          Eu, @gi_cabral, vou pro bar e levo todo mundo e vou também quando todo mundo vai pro bar e me leva.

2 comentários:

  1. nao sou de frequentar bares por falta de locais agradáveis e companhias, mas sempre que posso tento compartilhar das praticas citadas no seu texto...
    e quem sabe nos esbarremos em um boteco destes por ai... a primeira rodada e por minha conta!

    ass:oce711

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