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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Eu passei um precioso tempo curtindo uma paixão avulsa, mas logo montei um time: éramos eu, minha vontade interna, meu calendário, minhas folhas de papel, minhas canetas, minhas borboletas e minhas músicas bregas presas num headphone

                                                            What it's done to me?

Eu estava tão feliz em minha atual condição, vendo beleza em tudo que passava, que isso me deixou levemente egoísta. Eu, a partir do momento que me descobri nesse estado obsceno de paixão, decidi, leia bem ‘decidi’, que ele não precisava saber disso. Puro egoísmo, mas era a minha admiração, esta que nada devia a ninguém.
E passei dias escrevendo sobre isso, como se todas as palavras do mundo precisassem sair da ponta dos meus dedos. Eu finalizava um texto imenso e logo já estava abrindo outro arquivo onde mal ousava mudar a tipologia ou o tamanho da fonte. Qualquer uma serviria desde que, amparadas pelo ctrl+b, eternizassem na pasta Meus documentos mais um arquivo sobre nós.
E saber que ninguém leria estes rascunhos nunca antes revisados, uma segurança tão grande me invadia fazendo com que eu não me contivesse em nada. Pouco importava que eu exagerasse em todas aquelas representações linguísticas, assassinando as licenças poéticas que nunca tive. Eu cometia um crime atrás do outro a fim de ser feliz sozinha com a minha poesia, tal qual Dirceu, que escrevendo sobre Marília, nunca seria lido pela musa inspiradora.

                                                               Oh can't you see?

Eu até hoje não sei se é um erro esconder de quem me inspira tamanha carga de felicidade. Mas e se ele não quisesse inspirar a ninguém? Eu nunca iria questioná-lo, pelo contrário. Poetas são tão chatos e amargurados, quem haveria de querer compactuar com tamanha lamúria?
Este é só mais um dos arquivos perdidos que nunca chegarão à academia, nunca chegarão aos livros didáticos, nunca chegarão aos olhos dele. 
E eu continuo assim: meio poetisa, meio amargurada, meio egoísta, meio feliz, meio apaixonada. E assim, pela metade, construirei tantos outros textos inteiros, que talvez, nunca chegarão a ser completos de verdade.

Eu, @gi_cabral, sou aspirante a escritora. Guardo todas as pedras do caminho pra atirar nas borboletas do estômago. Nunca gostei de insetos.
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2 comentários:

  1. Arquivos perdidos sempre podem ser encontrados, num momento qualquer, e todos esses rascunhos serão um dia revisados, entre toda amargura, egoísmo, felicidade e admiração da meio poetisa, que não vai mais usar o quase andes de escritora.
    Um dia eu e outros amantes da boa literatura encontraremos "Arquivos Perdidos .docx" na prateleira de uma dessas livraria bem arejada, sem insetos. Pelo menos, eu espero por isso.

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    1. Eu acho que mal consigo responder esse comentário. Prefiro dizer um simples, rápido e limpo: obrigada! *-*

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